A história da aprovação de Maria Helena Rosa no vestibular da Unesp Bauru para o curso de Biologia ganhou repercussão na imprensa e na Cidade Sem Limites como um todo. Nada mais justo, afinal, trata-se de uma trajetória inspiradora! Mulher negra e mãe solo, ela trabalha como terceirizada de limpeza na universidade na qual também é aluna após ter ingressado na graduação em 2021, aos 55 anos de idade.

Depois do resultado positivo na prova de seleção, Maria Helena estrela o episódio “É a vez dela”, da série de documentários “Caminhos: quando sonhos encontram a educação”, produzido pela Unesp.

Sala de aula com diversas carteiras. Quando sonhos encontram a educação: conheça a história da mulher que é faxineira e estudante da Unesp Bauru
Foto: Reprodução/ Documentário “É a vez dela”, “Caminhos: quando sonhos encontram a educação”

Sonho, luta e realização

No documentário que narra sua trajetória, Maria Helena conta que chegou a Bauru quando tinha por volta de 12 anos. Mãe de Edilaine e Wesley Rosa, precisou abandonar a escola para trabalhar e teve diversas funções antes da Unesp, onde atua, por meio de uma empresa terceirizada, como faxineira desde 2011.

Os filhos contam, na produção, que mesmo trabalhando muito, Maria sempre foi próxima dos dois, cuidando e incentivando os estudos desde que eram pequenos. Atualmente, a filha é professora formada em pedagogia, e o filho, engenheiro mecatrônico.

Assim, foi justamente no campus da universidade, por meio de uma campanha de divulgação, que conheceu o Primeiro de Maio, cursinho pré-vestibular popular e gratuito da Faculdade de Engenharia (FEB) da Unesp Bauru. Logo, com o apoio dos filhos, entrou no cursinho e passou a frequentar as aulas do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) também localizado no campus da universidade.

A professora Eliana Zanata observa que o objetivo do PEJA, que atua há 20 anos em cinco campus atendendo mais de 4 mil estudantes, está ligado ao resgate da cidadania. “Para quem é adulto e foi expulso da escola, posso usar esse termo, por conta das mazelas sociais do país, hoje é imprescindível, para esse adulto, finalizar ou ainda avançar alguns anos na sua escolaridade. Porque, a medida em que ele avança, as suas condições de inserção social também são maiores”, analisa.

Eliana explica que a população do entorno do próprio campus universitário é atendida por essa ação de extensão da Unesp, bem como a população de bairros mais distantes onde o poder público não chega com ofertas de salas de aula. “Tudo isso por meio de bolsistas e voluntários, que são alunos de graduação e atuam como educadores e mediadores”, ressalta a professora da universidade.

Dessa maneira, Maria frequentou, ao mesmo tempo, as aulas do cursinho e do programa. E, depois de muito esforço, foi aprovada no vestibular para o curso de Biologia pelo Sistema de Reservas de Vagas para a Educação Básica Pública, nas vagas destinadas para pretos, pardos e indígenas.

“Fazer a faculdade, para mim, era muito mais do que ganhar na loteria. Foi entrando todos os dias no laboratório para limpar os bonecos de anatomia que eu tive a vontade de estudar despertada. Limpar o espaço e, ao mesmo tempo, estudar, é uma coisa que dá uma diferença. Eu falo assim: ‘agora eu sou a faxineira e, duas horas depois, eu vou ser aluna desse lugar, da Unesp. Eu não acredito! Será que sou eu mesma que estou aqui dentro estudando?'”, conta Maria Helena no documentário.

Maria Helena Rosa, faxineira e estudante da Unesp Bauru. Na foto, ela está limpando um boneco de anatomia.
Foto: Reprodução/ Documentário “É a vez dela”, “Caminhos: quando sonhos encontram a educação”

“Fazer a faculdade, para mim, era muito mais do que ganhar na loteria. Foi entrando todos os dias no laboratório para limpar os bonecos de anatomia que eu tive a vontade de estudar despertada. Limpar o espaço e, ao mesmo tempo, estudar, é uma coisa que dá uma diferença. Eu falo assim: ‘agora eu sou a faxineira e, duas horas depois, eu vou ser aluna desse lugar, da Unesp. Eu não acredito! Será que sou eu mesma que estou aqui dentro estudando?'”

Maria Helena Rosa, faxineira e estudante da Unesp de Bauru em entrevista ao documentário “Caminhos: quando sonhos encontram a educação”, no episódio “É a vez dela”.

A estudante revela que, no começo, foi difícil e teve vontade de desistir. “Eu até chorei! Mas meus filhos me ajudam bastante e eu estou seguindo”, destaca na entrevista.

Seu filho Wesley relata que a conquista de sua mãe significa e representa mais do que a sua própria. E Edilaine completa:

“Não tenho palavras para descrever o orgulho. A trajetória dela, vinda de uma cidade pequena, da roça… Ela está tendo uma oportunidade que meus avós não tiveram. Além de ser uma mãe muito carinhosa, ela foi uma mãe muito guerreira. Sozinha, sem a ajuda de ninguém! E ela não cuidou só dos dois filhos, ela cuidou de uma família inteira, de mim, do meu irmão, da minha avó, dos meus tios falecidos, e cuidou de tudo, desde a alimentação, até a roupa, o passeio e a diversão… tudo era ela! E, nesse momento, em que ela estava cuidando da família, ela esqueceu um pouco dela. E agora é a vez dela!”.

Assista ao documentário completo!

Quando sonhos encontram a educação: Maria Helena e Unesp Bauru

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