Mães, pais ou guardiões legais de crianças pequenas que são servidores, docentes e estudantes da Unesp de Bauru contam com o Centro de Convivência Infantil (CCI) Gente Miúda para que possam exercer suas atividades enquanto seus filhos estão seguros na creche.
E, para quem conhece essa informação, pode até parecer comum a existência de uma estrutura que ampare os pequenos, mas, para muitas pessoas que utilizam esse serviço, trata-se de um fator decisivo nas carreiras acadêmicas e profissionais.
Esse é o caso de Kethleen Guerreiro, jornalista e estudante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unesp Bauru. A pesquisadora veio do Estado do Amazonas para a Cidade Sem Limites especialmente para fazer mestrado na universidade. Mãe do Enrico, na época perto de completar três anos, ela conta que o CCI foi fundamental na sua escolha por Bauru.
Quer conhecer essa história inspiradora? A Solutudo conversou com a Kethleen, que contou tudo sobre como foi essa mudança em sua vida.
Do Amazonas para Bauru
A estudante conta que quando finalizou a graduação, apresentou o seu TCC, uma monografia, no último mês de gestação. A produção do seu trabalho, durante todo o semestre, aconteceu praticamente no mesmo período da gravidez. “E como era um objetivo fazer o mestrado, antes mesmo de descobrir a gestação, eu passei a pesquisar não somente programas bem-conceituados e com boas referências, mas também programas de pós-graduação de universidades públicas que tivessem creches. Afinal de contas, eu precisaria de suporte não apenas para mim, mas também para o meu filho”, narra Kethleen.
E foi assim que ela conheceu o CCI, entrou em contato para conhecer a estrutura local, foi muito bem atendida e escolheu o PPGCOM de Bauru para seguir sua trajetória acadêmica. De acordo com a pesquisadora, o CCI é uma iniciativa de suma importância. “Eu vim de Parintins, uma cidade do interior, e eu poderia ter ido para a capital, Manaus, que é muito mais perto da minha família. Mas nenhuma universidade pública do Estado do Amazonas tinha uma creche!”.
Dessa forma, ela conta que foi a possibilidade de ter seu filho seguro que a fez seguir seu caminho tranquilamente.
“Se não fosse por essa oportunidade, eu não continuaria estudando. Eu tinha saído da graduação, eu queria muito fazer o mestrado, e eu precisava ir para um lugar e ter uma estrutura de uma universidade que abarcasse não só a mim como pesquisadora e estudante, mas também como mãe. Por isso, eu acho que é muito necessário ter essa rede de apoio para que mais mulheres que são mães possam continuar suas vidas acadêmicas”, declara Kethleen.
Kethleen Guerreiro, jornalista e pesquisadora da Unesp Bauru
“Se não fosse por essa oportunidade, eu não continuaria estudando. eu acho que é muito necessário ter essa rede de apoio para que mais mulheres que são mães possam continuar suas vidas acadêmicas”
Experiência na creche da Unesp, o CCI Gente Miúda
A mãe de Enrico conta que sempre foi bem tratada e muito respeitada, além de contar com a compreensão de todos quando não pôde estar presente em algum momento ou quando precisava chegar um pouco atrasada. “Eu levava e buscava ele andando e, às vezes, de bicicleta”, lembra.
Kethleen observa que as professoras do mestrado e da graduação que diziam que os filhos delas também estudaram no CCI sempre elogiaram muito o local! “Quando nós chegamos em Bauru, o Enrico era muito tímido, ele tinha de dois para três aninhos. Ele ficava muito caladinho e a experiência dele na creche foi incrível. Hoje ele é uma criança muito sociável, conversa bastante. Eu, minha família e amigos próximos percebemos que essa socialização dele melhorou muito desde que ele entrou no CCI”, declara.
Além disso, ela acredita que a creche da Unesp funciona como uma ferramenta de integração da universidade com a comunidade, pois conheceu mães servidoras, docentes e estudantes que vieram de outros municípios e estavam na graduação, no mestrado ou no doutorado. “Elas puderam continuar estudando e ter os filhos próximos por conta dessa possibilidade de integração que a Unesp Bauru nos dá, de sair do nosso estado e da nossa cidade. A gente fica longe da família, dos amigos, da rede de apoio e, como a gente vai para um lugar desconhecido, o CCI surge exatamente como uma forma de integração”, afirma Kethleen.
Para a pesquisadora, iniciativas como essa são muito necessárias por uma questão de inclusão: “Não é porque nos tornamos mães que nossas vidas, nossos sonhos, as nossas metas e nossos objetivos se encerram ali. Muito pelo contrário! Toda mãe que sabe que, quando ela está ausente, seja trabalhando ou estudando, e o filho está bem e seguro, ela consegue fazer tudo com mais tranquilidade”.
“Não é porque nos tornamos mães que nossas vidas, nossos sonhos, as nossas metas e objetivos se encerram ali. Muito pelo contrário!
Kethleen Guerreiro, jornalista e pesquisadora da Unesp Bauru
Uma aventura inesquecível
De acordo com a estudante, toda a sua mudança com seu filho Enrico foi uma aventura muito grande. “Sair do Estado do Amazonas, tudo muito diferente, e não só mudar de região, mas também de cultura, clima, culinária… E, acima de tudo, sair apenas com a mala. Eu não conhecia ninguém, apenas o meu orientador, por e-mail. Foi um desafio, mas foi preciso“, avalia Kethleen.
A jornalista e pesquisadora pontua que precisava continuar estudando e fazer o mestrado, um grande desejo, e não queria ficar longe do filho, seja por preocupação ou saudade. “Quando escolhemos Bauru, foi exatamente depois de pesquisar que a universidade disponibilizava um centro de convivência infantil. Nossa ida foi bem organizada e contribuiu muito para que essa experiência se tornasse possível”, finaliza Kethleen Guerreiro.
“Quando escolhemos Bauru, foi exatamente depois de pesquisar que a universidade disponibilizava um centro de convivência infantil. Nossa ida foi bem organizada e contribuiu muito para que essa experiência se tornasse possível”
Kethleen Guerreiro, jornalista e pesquisadora da Unesp Bauru
O CCI é uma conquista universitária
O artigo 54 da Constituição brasileira, de 1988, estabelece a creche como um direito da criança. E foi em meio a um contexto de mudanças sociais e econômicas que, em 1982, foram criados os Centros de Convivência Infantil/CCIs da Universidade Estadual Paulista espalhados pelas unidades universitárias.
De acordo com a página que conta a história do CCI, as novas relações de trabalho envolvendo as mulheres e o Movimento de Mulheres por Creche em São Paulo são marcos do debate sobre as funções das instituições de atendimento à pequena infância, que começam a considerar tanto as necessidades da mãe que trabalha como a criança enquanto sujeito de direitos.
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Parabéns pela matéria, se torna um incentivo para qualquer pessoa ou mãe que quer prosseguir na vida acadêmica. Vocês estão de parabéns.
*que queira prosseguir.