Você sabe o que é autismo ou espectro autista?
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não se trata de uma doença, mas sim de um transtorno do desenvolvimento que pode comprometer a comunicação e a socialização.
Antes do lançamento do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), em 2013, eram utilizados “níveis de autismo” para classificar as pessoas de acordo com sua facilidade ou dificuldade de interação social e comunicação.
Porém, agora, para facilitar o diagnóstico, independentemente dessas habilidades serem mais ou menos desenvolvidas,, todos são considerados pessoas dentro do TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Informação = empatia
“O que se passa na nossa cabeça, nossos sentimentos, interesses e a velocidade com que processamos as informações, às vezes, são algo complicado para os neurotípicos compreenderem”, explica o bauruense Pedro Serra, arquiteto diagnosticado aos 29 anos com Síndrome de Asperger, condição que está dentro do TEA.
Pedro encontrou no desenho e na pintura um de seus focos de interesse. Foto: arquivo pessoal Desenhos de Pedro. Foto: arquivo pessoal
Por falta de informação, muitas pessoas acabam falando ou agindo de forma preconceituosa e desagradável.
Pensando nisso, com a ajuda do Pedro, separamos algumas frases que pessoas do espectro não aguentam mais ouvir. Bora conferir?
“Nossa, mas você não parece autista!”
“Não existe cara de autista e cara de não autista!!”, brinca Pedro.
Para ele, as pessoas ainda vêem o TEA como uma doença e por isso esperam que haja sintomas físicos.
“Não estou doente, não estou fraco ou debilitado de alguma forma. As pessoas não vêem as emoções e medos que pessoas autistas têm. Poderiam se informar mais, respeitar mais e julgar menos pela aparência ou qualquer outra razão”, conta o arquiteto.
“Por que não gosta de contato físico e se expressa pouco??”
Por serem bastante diretos e sinceros em suas falas, muitas pessoas têm a impressão errada de que pessoas autistas não são empáticas ou amorosas.

“Isso não é verdade, não! A gente sente quando alguém está sendo empático e sincero. Quando é assim, agimos da mesma forma. Dá pra ver e analisar tudo isso”, explica Pedro.
Quando o assunto é contato físico, como abraços, por exemplo, tem a ver com a hipersensibilidade ao toque, que pode gerar uma sensação desagradável e até desencadear crises.
Isso não significa que pessoas autistas odeiem ser tocadas ou não demonstrem amor. Afinal, fazem isso de outras formas e cabe a nós entender e respeitar a maneira como se expressam.
“Você fica bravo com ironia e sarcasmo?”
“Cada autista é diferente, mas eu, particularmente, em alguns momentos, não entendo sarcasmo mesmo. Em alguns momentos fica bem claro. Entretanto, ditados populares são um pouco difíceis por exemplo”.
Isso nem de longe é sinônimo de falta de inteligência ou de senso de humor dos que estão no espectro.
A dificuldade em interpretar frases como “chovendo canivete”, “bateu as botas”, “calor de rachar” e outras acontece porque pessoas no espectro costumam pensar de forma mais concreta, dificultando a compreensão de contexto e intenção com que algumas coisas são ditas.
“Você não gosta de sair de casa?”
Não é bem por aí, não!
Como o Pedro disse, cada autista é diferente e tem sua personalidade. Porém, algo em comum é que eles se sentem em paz quando estão sozinhos e focados em seus interesses.
Momentos de solidão podem ajudá-los a acalmar-se depois de crises ou mesmo aliviar o stress depois de alguma situação.

“O maior problema são barulhos muito altos, como motos, trovoadas, chuva… se forem muito altos, me dão crises e fico em pânico”, relata Pedro.
Essa aversão a barulhos muito altos ou ambientes muito cheios podem fazer com que muitas pessoas no TEA acabem preferindo passar mais tempo em ambientes calmos, como a própria casa.
“Tem cura?”
É preciso evitar ao máximo essa pergunta. O que tem cura são doenças e autismo não é uma doença.
“É uma das coisas mais absurdas que ouço. E muita gente fala isso, por incrível que pareça; Até em palestras sobre TEA eu já vi mães de autistas batendo no peito e falando que amam os filhos doentes, sendo que não é uma doença!”, enfatiza.
Recebi o diagnóstico, e agora?
Diante de tanto preconceito, é comum que as famílias sintam-se desamparadas e perdidas quando precisam lidar com o diagnóstico de autismo.
“Grupos de apoio e eventos são essenciais para nos fortalecer com informação e acolhimento“, conta Renata Ferreguti, idealizadora do projeto Anjo Azul, que reúne pais e mães de pessoas autistas.
O projeto bauruense organiza eventos e palestras para acabar com o preconceito e criar uma rede de apoio entre os pais de autistas, como Renata, que é mãe do Thomaz, de 3 anos, diagnosticado com TEA.

“Queremos ser referência no apoio à famílias de pessoas com TEA trazendo conhecimento e troca de experiência entre elas, além de conhecer e buscar nossos direitos, transformando Bauru num lugar melhor para autistas”, explica
A ideia do evento e do projeto é impactar comércios, setores públicos e privados a fornecer um atendimento diferenciado e pontual as pessoas dentro do espectro.
“Nós, pais, precisamos estar unidos sempre. Acredito que essa é nossa missão e que juntos somos muito mais fortes!”, comenta Renata.

Para conhecer mais sobre o projeto Anjo Azul, clique AQUI.
Viu só como a informação pode transformar a vida das pessoas no espectro e também de todos os que as cercam? Bora colocar em prática e conscientizar outras pessoas!
Algumas pessoas respeitam mais meu espaço, minhas emoções e sentimentos porque procuram entender. Antes do diagnóstico eu mesmo não me entendia. Depois do diagnóstico, eu aprendi a aceitar que o autismo faz parte de mim e da minha rotina, e está tudo bem! Aprendi a me amar dessa forma
finaliza Pedro.
Serviço
Palestra Vamos Falar Sobre Autismo e Saúde
Data: 18/02
Horário: 19h
Local: APM Regional Bauru (Casa do Médico) – Rua Amadeu Sangiovani, 4-47, Vila Mariana, Bauru/SP
Confira essa e outras histórias de Bauru no site da Solutudo Bauru!
Gostou desse conteúdo? Deixe seu comentário no campo abaixo! E se você conhece alguma história bacana de Bauru e quer que ela seja contada aqui, entre em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo nosso WhatsApp.