Neste Dia Mundial do Doador de Medula Óssea (WMDD), data criada pela World Marrow Donor Association (WMDA) com o objetivo de conscientizar sobre a importância desse ato, conversamos com a bauruense Giovanna Venarusso Crosara, que viajou até Recife para doar a medula para uma pessoa (que ela não conhecia) 100% compatível!
O caso foi amplamente divulgado pela mídia e, mais de seis meses depois, a jovem conta que jamais imaginou que o fato teria tanta repercussão. “Até mesmo para postar nas minhas redes sociais eu pensei muito para entender os motivos pelos quais faria isso. Mas resolvi compartilhar porque, pra mim, não teria como vivenciar tudo o que aconteceu e guardar essa experiência comigo. Além disso, pensei que se eu conseguisse incentivar pelo menos uma pessoa a se cadastrar eu já ficaria muito contente”, diz Giovanna.
E, se o incentivo foi um dos objetivos, deu certo! A bauruense revela que muitas pessoas entraram em contato com ela para contar que se cadastraram depois que ficaram sabendo de sua história. “Cada vez que recebo uma mensagem assim fico imensamente feliz, pois dessa forma talvez aumente as chances de compatibilidade com os(as) pacientes que estão aguardando um(uma) doador(a)”, pontua.
Experiência da doação
Giovanna declara que foi uma ótima experiência, e que é “muito estranho” pensar que uma pessoa geneticamente compatível precisava de sua medula óssea e que, pra isso, ela precisaria ir até Recife pra realizar uma doação. “Foi algo que nunca pensei que viveria. Mas eu faria tudo de novo, pois acredito que vale muito a pena! O processo da doação é seguro, rápido e pode salvar a vida de alguém”, destaca.
“é muito estranho pensar que uma pessoa geneticamente compatível comigo precisava da minha medula óssea, e que pra isso eu iria até Recife pra realizar essa doação. Foi algo que nunca pensei que vivenciaria. Mas eu faria tudo de novo, pois acredito que valha muito a pena. O processo da doação é seguro, rápido e pode salvar a vida de alguém”
Giovanna Venarusso Crosara
De acordo com a jovem, depois do procedimento, foi um pouco incômodo e dolorido em alguns momentos. “Mas nada insuportável nem fora do esperado, pois o médico havia me informado. E, com remédio, aliviava. Fora isso, a recuperação foi tranquila”, lembra.
Chamado, viagem e doação
Giovanna conta que a ideia surgiu de forma espontânea, pois ficou sabendo nas mídias digitais que haveria uma campanha em Bauru de coleta de sangue e cadastro de doadores de medula óssea. Dessa forma, achou a oportunidade interessante e realizou seu cadastro.
É importante ressaltar que esse cadastro é feito por meio do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, o REDOME, coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). No Brasil, há mais de 5 milhões de doadores cadastrados, sendo o REDOME o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, o maior com financiamento público, segundo os dados do próprio banco que pertence ao Ministério da Saúde.
Assim, Giovanna narra que foi chamada em outubro de 2020, momento em que recebeu a primeira ligação do REDOME informando a possibilidade de ser compatível com um paciente. “Eu estava em casa, à noite, e fiquei extasiada ao receber a ligação! Fizeram diversas perguntas e confirmaram meu interesse em prosseguir com o processo”, recorda-se.
Em seguida, a jovem foi ao hemocentro mais próximo realizar a coleta de sangue para confirmar a compatibilidade com a pessoa que estava precisando. Dessa maneira, ela foi contatada pelo REDOME novamente em dezembro, pouco depois do natal, quando foi verificada que ela era 100% compatível. Questionaram Giovanna, novamente, se ela gostaria de prosseguir com o processo. “Fizeram mais perguntas acerca do meu histórico de saúde, e logo no dia seguinte já entraram em contato informando que conseguiram a vaga para o hospital em Recife, em Pernambuco. Combinamos as datas, o REDOME disponibilizou a hospedagem, as passagens e o suporte financeiro para arcar com todas as despesas necessárias”, relata.
Assim, a primeira viagem teve como foco a realização de exames de sangue, raio-x, eletrocardiograma e a conversa com o médico. “Na segunda vez no Recife, fiz mais alguns exames, como o teste de Covid-19 e a tomografia. Isso já em janeiro, então internei dia 24 para realizar a doação no dia 25 pela manhã. Conversei também com a anestesista, assim, ela me deu um comprimido sedativo. E aí só lembro de acordar na sala de recuperação, quando a doação já havia sido feita”, conta Giovanna.
Doadora de Medula Óssea
Meses depois da doação, e neste Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, Giovanna afirma que o que gostaria de dizer para pessoas é que elas devem se informar melhor, pois se trata de um assunto que ainda possui muitos tabus. “Fui desencorajada quando contei para algumas pessoas sobre a doação, ouvi alguns comentários estranhos, mas como em nenhum momento tive medo, para mim já era uma certeza. A chance de compatibilidade é 1 em 100.000, então penso que, quanto mais pessoas se cadastrarem, podemos ajudar a aumentar as chances de encontrar doadores/doadoras compatíveis”, observa.
Segundo a jovem bauruense, a informação é essencial para todos. “Acredito que doar medula seja um ato lindo e simples, além de não ter riscos maiores. Está ao alcance de muitos de nós! Por isso, peço que entrem no site do REDOME, que conversem sobre o assunto com pessoas confiáveis e que realmente entendam do que se trata, que procurem saber mais no hemocentro de Bauru ou o hemocentro mais próximo de você, e também me coloco à disposição nas minhas redes sociais pra tirar qualquer tipo de dúvida!”, declara Giovanna.
“Acredito que doar medula seja um ato lindo e simples, além de não ter riscos maiores! Está ao alcance de muitos de nós”.
Giovanna Venarusso Crosara
Giovanna aguardando a equipe para fazer a doação. “Nesse momento, estava ansiosa”, diz. (Foto: Acervo Pessoal Giovanna Venarusso) Foto no dia seguinte ao procedimento de doação de medula óssea. (Foto: Acervo Pessoal Giovanna Venarusso)
Cadastro e voluntários cadastrados
Nesta data, um recado importante para os que já são cadastrados é que os dados fornecidos ao REDOME precisam estar sempre atualizados.
Além disso, Giovanna diz que, para fazer o cadastro como doador/doadora, é um muito simples. “Basta ir a um hemocentro e informar o interesse. Você preencherá um formulário e serão coletados poucos ml do sangue. Fora isso, quem não puder se cadastrar ou doar medula, pode ser doador/doadora de sangue e também ajudar na divulgação de informações sobre o assunto”, finaliza.
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