Há nove meses, o radialista Réggis Antônio, de 42 anos, conseguiu a guarda provisória do estudante Pedro, de 14, e realizou um sonho que nasceu há mais de 30 anos: o de ser pai.

“Quando eu era moleque, eu falava para todo mundo que queria ter um filho. Acredito que essa vontade também nasceu por conta do meu pai. Eu sempre conversei sobre tudo com ele e com a minha mãe. E teve um momento especial na minha vida que ele me disse: ‘você é o meu filho. Vai continuar sendo o meu filho. E sempre vou estar aqui com você’. Ouvir isso dele aumentou ainda mais o meu desejo de perpetuar a espécie”, relembra Réggis sorrindo.

Menos de 24 horas na fila de adoção

O radialista começou o processo de adoção em abril de 2018. Após a apresentação dos documentos, a realização do curso e as consultas com a psicóloga e assistente social, Réggis, que atua há 22 anos como radialista, recebeu a avaliação de que estava apto para adotar e, em setembro, entrou na fila de espera pela criança.

“Geralmente, as pessoas preferem uma menina branca e com menos de 3 anos. Depois dessa idade, algumas famílias já consideram a criança velha. Falaram isso no curso. É triste. Como eu optei por pré-adolescente, as funcionárias do Fórum de Araçatuba me disseram que seria mais rápido. Eu entrei na fila em uma quarta-feira à tarde e, na quinta-feira, na parte da manhã, o meu telefone tocou. Fiquei menos de 24 horas na fila”, explica Réggis.

A ligação era do Fórum de Novo Horizonte, cidade próxima a São José do Rio Preto (SP). A funcionária apresentou o perfil de Pedro a Réggis, fez algumas perguntas e marcou um encontro entre os dois. “Quando eu recebi a foto dele, eu quase bati o carro. Na semana seguinte, fui visitá-lo. E essa foi a minha rotina durante os finais de semana entre setembro e novembro. Eu ia aos domingos, na parte da manhã, e passava o dia inteiro lá.”

A chegada de Pedro ao lar

A convivência com o Pedro alterou a rotina de Réggis. O hábito de, às vezes, almoçar fora de casa, por exemplo, precisou ser repensado pelo pai. “Antes, eu pensava: vou passar ali e comer rapidinho. Agora, eu sei que tenho um filho e preciso levantar cedo para preparar o almoço. Mas tudo isso é muito gostoso.”

Contudo, os gostos parecidos do pai e do filho rendem boas atividades à dupla. Ambos gostam de séries, filmes e teatro. “Porém, tem horas que eu gostaria de ficar em casa e ele fala: ‘pai, vamos ao cinema?’. Aí o meu coração amolece e eu aceito”, revela Réggis.

‘Independente do que aconteça, estarei sempre ao seu lado’

Entre as maiores lições que Réggis procura ensinar a Pedro, está o companheirismo, algo que aprendeu com o próprio pai. “Eu sempre falo a ele: se você fizer algo errado, conte para mim, porque eu estarei ali do seu lado. Recentemente, por exemplo, ele quis pintar o cabelo de ruivo. Na minha época de adolescente, qual pai apoiaria? Mas eu falei: ‘algumas pessoas vão te zoar. Você aguenta?’ Ele respondeu que sim.  E eu falei: ‘então, pô, estou aqui com você’.”

Aprendizado mútuo

No entanto, não é apenas Réggis que tem a ensinar. Na família deles, o aprendizado entre pai e filho é mútuo. O raciocínio rápido de Pedro faz o radialista, agora, pensar de forma mais prática sobre algumas situações.

“Esses dias, nós fomos ao evento da ABQM, que aconteceu no Recinto de Exposição de Araçatuba, e levamos nossos dois cachorros. E lá tem muita terra. Na hora de ir embora, os colocamos dentro do carro e percebemos o quanto eles estavam sujos, mesmo tendo ido ao petshop no início da semana. Enquanto eu e a minha mãe quebrávamos a cabeça para entender como dar banho neles, o Pedro falou: ‘não é só lavá-los no chuveiro ao invés de esquentar a água e utilizar a bacia?’. Simples, mas foi a melhor solução”, conta Réggis.  

Familiares do coração

A decisão do radialista em adotar surgiu a partir de experiências com outros familiares do coração que ganhou durante a vida. “Sabe aqueles amigos verdadeiros? Então, esses são os meus familiares do coração. E aí eu pensei: a vida me presenteou com um irmão e uma irmã. Por que não adotar um filho do coração?”

‘Está com receio de adotar sozinho uma criança? Adote!’

Para as pessoas que desejam, mas sentem receio de adotarem sozinhas uma criança, Réggis indica que adote e supere os preconceitos.  “Algumas pessoas vão falar: ‘nossa, você não sabe da onde ela veio, ela pode te fazer mal. Mas isso é preconceito. Até filhos biológicos podem desapontar você.”

Ser pai

“Vivemos em um mundo onde as pessoas valorizam mais o último lançamento de um celular, uma roupa de grife, essas coisas. Mas eu acho que ver o sorriso no rosto do meu filho não tem preço. Para mim, ser pai é saber que, mesmo em silêncio, meu filho está feliz”, conclui Réggis.


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